domingo, 13 de junho de 2010

Cepram retira de pauta projeto que vai devastar restinga do Francês

Ambientalistas vão se mobilizar para impedir devastação da última faixa de restinga do litoral médio alagoano

Extra Alagoas - AL08/06/2010 - 20:32

Pressionado por uma onda crescente de protestos de estudantes, professores universitários, Ong's ambientalistas e entidades, o Conselho Estadual de Proteção Ambiental (CEPRAM) foi obrigado a retirar de pauta a apreciação do pedido de Licença de Implantação para o empreendimento imobiliário "Barra de São Miguel". O motivo dos protestos é a devastação da última faixa de restinga do litoral médio de Alagoas, pretendida pela empresa paulista que está por trás do empreendimento e quer construir dezenas de casas de luxo em local que, entre outros atributos, é área de desova de tartarugas marinhas.
A decisão do CEPRAM foi adotada na reunião ordinária do colegiado, realizada terça-feira, dia 1, no Palácio Zumbi dos Palmares, em conseqüência de pedido de vistas solicitado pelo representante do Sindicato dos Jornalistas, Carlos Roberto, e pela representante do Fórum de Defesa Ambiental, Eva Priscylla Barros. Ambos argumentaram a necessidade de ouvir a sociedade civil antes de votar o polêmico pedido da construtora.
Espécies raras de jacu, tartarugas mari-nhas e chupa-dente que se reproduzem na restinga do Francês, que pode desaparecer
Para viabilizar essa sugestão, o CEPRAM aprovou o próximo dia 14 de junho como data para o primeiro encontro da Comissão de Vistas do CEPRAM com especialistas da UFAL, ONG's e re-presentantes de entidades da sociedade civil que postulam a preservação da faixa de restinga que separa as praias do Francês e da Barra de São Miguel sob o argumento de que se trata de vegetação protegida pela legislação, além de local de pouso para aves de arribação e ativo paisagístico fundamental para o atrativo do turismo na região.
Presentes à reunião, ativistas da ONG Salsa de Praia e estudantes e professores do CESMAC e do CEFET de Marechal Deodoro consideraram absurda a pretensão da construtora paulista, principalmente porque 2010 foi declarado pela ONU como o Ano Internacional da Biodiversidade e este já é o quarto empreendimento consecutivo que, a pretexto de criação de empregos, está se implantando no litoral às custas da supressão de dezenas e dezenas de hectares de manguezais e daquilo que ainda resta das restingas de Alagoas.
"Se for preciso - disse um dos representantes dos estudantes faremos uma campanha nacional para denunciar mais esse crime ambiental patrocinado inexplicavelmente pelo próprio poder público e pelas autoridades que deveriam proteger o pouco que sobrou da ve-getação de restinga em Alagoas."
Segundo ele, os estudantes já recolheram mais de 5.000 assinaturas de protesto contra a supressão da faixa de restinga e pretendem chegar a 50 mil assinaturas até a reunião do dia 14 para enca-minhá-las posteriormente ao governador Téo Vilela, solicitando que os representantes das secretarias de Estado se opo-nham à supressão da restinga.
A ideia dos estudantes não agradou nem um pouco aos estrategistas da campanha do governador à reeleição. Segundo uma fonte do Palácio há o temor de que a oposição utilize o fato para apresentar a atual administração estadual como a maior patrocinadora de supressão de manguezais e restingas da história recente de Alagoas. Depois da destruição dos 10 hectares de manguezal exigidos pela duplicação da rodovia AL-101 Sul e dos mais de 100 hectares que serão sacrificados pelo estaleiro a ser implantado em Coruripe, os marqueteiros do governador consideram dose cavalar absorver o desgaste pela supressão do que ainda existe da restinga do Francês.
Seja como for, a votação da Licença de Implantação do mega condomínio denominado "Barra de São Miguel" vai dar o que falar, até porque o Ministério Público Federal já foi provocado pela comunidade que defende a restinga e deverá ingressar com Ação Civil Pública caso a empresa paulista não recue de sua pretensão, para garantir a maior parte do seu projeto, situado do outro lado da pista. Algo como dar os anéis para não perder os dedos.

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