sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Busca de casos suspeitos é reforçada após confirmação de dengue tipo 4 em Boa Vista

12/08/2010 , às 12h51

Três casos foram confirmados e um continua sendo investigado pelo Instituto Evandro Chagas.
Medidas de contenção também incluem reforço de aplicação de fumacê e visitas domiciliares.
O Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde do estado de Roraima e do município de Boa Vista intensificaram as buscas de casos suspeitos de dengue, depois que o Instituto Evandro Chagas (IEC) confirmou, nesta quarta-feira (11), três casos de dengue tipo 4 na capital. Nos bairros de Santa Teresa, Buritis e Cidade Satélite, onde vivem os três pacientes com confirmação de DEN-4, o trabalho de busca ativa já visitou 73 casas.
Até o momento, 30 amostras de sangue foram colhidas e enviadas ao IEC, em Belém, no Pará, para confirmar o diagnóstico de dengue e, em caso positivo, identificar o sorotipo viral. Desde a semana passada, agentes comunitários de saúde estão visitando domicílios nestes bairros para fazer a chamada busca ativa de novos casos suspeitos de dengue. Todas as pessoas que estão ou estiveram com sintomas da doença nos últimos dias respondem a um questionário e têm amostras de sangue colhidas para a realização de exames laboratoriais.
Os três pacientes que tiveram dengue do tipo 4 foram infectados em Boa Vista e as idades deles variam entre 15 e 44 anos. Todos tiveram sintomas de dengue clássica e se curaram sem necessidade de internação. No bairro de Santa Teresa, onde mora o primeiro paciente confirmado com DEN-4, o levantamento de infestação por Aedes aegypti apontou que 1,95% das residências tinham focos do mosquito, com predominância de criadouros no lixo doméstico.
Até ontem (11), 2.559 casas no bairro haviam sido visitadas por agentes comunitários para aplicação de larvicidas e inseticidas, numa cobertura equivalente a 81% dos imóveis. Além da aplicação de larvicidas e inseticidas nos três bairros onde foram confirmados os casos de DEN-4, as equipes de campo realizaram um mutirão de eliminação de criadouros em pontos estratégicos como ferros-velhos, borracharias e outros. O mesmo trabalho está sendo feito nos bairros de Buritis e Cidade Satélite.
O IEC permanece investigando um quarto caso suspeito de DEN-4, de uma moradora do bairro de Pricumã. Exames preliminares em amostras desta paciente já tinham resultado positivo para DEN-4. Porém, ainda não foi possível confirmar o diagnóstico por isolamento viral por cultura de células, técnica considerada “padrão ouro” pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
MEDIDAS DE CONTENÇÃO – A confirmação, até o momento, de três casos de DEN-4 em Boa Vista traz indícios de recirculação deste sorotipo viral após 28 anos, o que justifica as medidas que vêm sendo tomadas desde a semana passada para conter uma possível dispersão do vírus.
Mesmo antes do resultado da contraprova dos casos suspeitos, as Secretarias de Saúde de Roraima e de Boa Vista, apoiadas pelo Ministério da Saúde, iniciaram uma série de medidas de controle, divididas em duas frentes: combate ao mosquito e busca ativa de casos suspeitos de dengue. “Nós partimos da premissa de que os casos poderiam se confirmar e, por isso, agimos preventivamente”, explica o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho.
A equipe de técnicos que compõe a sala de situação da dengue criada no município de Boa Vista – uma espécie de gabinete especial para coordenar as atividades emergenciais – treinou 80 agentes comunitários de saúde para orientar a população sobre medidas de prevenção e controle do Aedes aegypti em ambiente doméstico.
ALERTA – O Ministério da Saúde enviou, na última sexta-feira (6), um alerta a todas as Secretarias Estaduais de Saúde sobre a possibilidade de reentrada do vírus DEN-4 no Brasil. A recomendação foi de que as Secretarias de Saúde intensifiquem o monitoramento de circulação viral e as medidas de controle do mosquito transmissor. “A confirmação dos casos em Boa Vista traz preocupação porque o trânsito de pessoas no país é intenso e não há como fazer barreiras sanitárias contra dengue”, esclarece Giovanini Coelho. Isto porque o período de incubação do vírus da dengue, antes dos primeiros sintomas, pode chegar a 15 dias. Em 1981, os sorotipos DEN-1 e DEN 4 foram os primeiros a serem isolados no Brasil, em uma epidemia de dengue ocorrida Boa Vista, Estado de Roraima.
Após um intervalo de cinco anos sem registro de casos no país, detectou-se a recirculação do sorotipo DEN-1 nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Alagoas, Ceará, Pernambuco e Bahia. Quatro anos depois, em 1990, o DEN-2 entrou no país e, em 2001, detectaram-se os primeiros casos de DEN-3. Desde então, os três sorotipos circulam de forma dispersa e heterogênea em todo o país.
O sorotipo DEN-4 não era detectado no país desde 1982, porém já circula há vários anos em dez países das Américas, incluindo Venezuela, Peru, Colômbia e Equador. O estado de Roraima faz fronteira com a Venezuela. Pelo fato de o único registro do sorotipo DEN-4 no Brasil ter ocorrido há quase três décadas, a detecção de um caso suspeito exige a confirmação laboratorial por diferentes técnicas.
SINTOMAS IGUAIS – Os quatro sorotipos virais de dengue causam os mesmos sintomas: dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, febre, dor atrás dos olhos, diarréia, vômito, entre outros. O protocolo de tratamento também é o mesmo, independentemente do tipo de vírus. O alerta nacional para a circulação do DEN-4 se justifica porque a população brasileira não tem imunidade contra este sorotipo e, por isso, há risco de epidemias caso ele se disperse para outros estados.
A ausência de imunidade ao DEN-4, associada à ocorrência de epidemias anteriores por outros sorotipos virais, aumenta a possibilidade de ocorrência de casos graves de dengue. Isto porque, quando o paciente pega a doença mais de uma vez, aumentam as chances de desenvolver formas graves da doença.
DENGUE EM QUEDA – Até o dia 3 de julho de 2010, Roraima registrou 4.834 casos de dengue. Por causa da sua baixa densidade populacional, o estado está entre os que registram a maior taxa de incidência de dengue, considerando a proporção de casos por 100 mil habitantes.
Neste momento, o estado registra tendência geral de queda nas notificações de dengue, de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue. Ao longo do ano de 2010, o Ministério da Saúde já vinha apoiando as ações da Secretaria Estadual de Saúde de Roraima, com o envio de mais de duas toneladas de larvicidas e 1,2 mil litros de inseticidas, além de treinamentos de técnicos para utilização destes insumos e envio de material de segurança para a aplicação.
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