quarta-feira, 17 de março de 2010

Para onde vai o lixo jogado na rua de Maceió?

16/03/10 19:17
Gilvan Amorim (Colaborador)

Na correria do dia a dia poucos percebem que aquele pequeno pedaço de lixo – papelzinho de bala ou pipoca, panfletos de propaganda, sacolas plásticas e até resto de comida – jogado nas ruas por pedestres e até pelas janelas dos carros e ônibus podem ser responsáveis por alagamentos em dias de chuvas e pela contaminação de ambientes e córregos de água.
Ao serem perguntados sobre a prática de jogar lixo no chão, muitos maceioenses repudiam o ato, negam a hipótese de cometer o referido crime contra o meio ambiente e apontam a ausência de lixeiras como justificativa para que ruas movimentadas da cidade e até o calçadão do centro estejam abarrotados de lixo.

O problema, é que apesar da negativa e do discusso de repúdio da população, em Maceió o lixo está em todos lugares que registram alto fluxo de pessoas. Lixo este, que é gerado por transeuntes e abandonados entre o caminho de casa até o trabalho, ou na ida ao centro da cidade e até mesmo em locais que servem de parada para o lazer, como praias, praças e outros ambientes.
E o pior, é que especialistas em meio ambiente estimam que apenas 70% do montante de lixo jogado nas ruas vão parar no destino certo, os lixões. O restante, termina abandonado nas ruas e vão parar em terrenos baldios, bueiros, canais, rios, lagoas e praias; à espera do processo natural de decomposição que pode durar anos e até séculos.

No centro da cidade, 25 toneladas por dia

De acordo com o diretor de operações da Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió (Slum), Pablo Ângelo, só no centro – ruas e calçadão – de Maceió são recolhidos diariamente 25 toneladas de lixo. Material diverso que é percebido pelos agentes de limpeza e que terminam nos carrinhos e caminhões de lixo.

Quanto ao lixo que se perde, aquele descartado nas ruas e que são levados pelos ventos, e pelo passa-passa das pessoas, não há como estimar o quantitativo, só as consequências; que são sentidas em dias de chuvas com os alagamentos devido o entupimento de bueiros.

“As pessoas desaprovam e até reclamam da sujeira jogada na rua, mas na prática são indiferentes”, é o que constata o gari Valdemir Codar, que trabalha na limpeza do centro de Maceió e chega a recolhe diariamente cerca de 160 kg de lixo.“Boa parte deste lixo não está nas lixeiras. Mas sim pelo chão. É até comum encontramos os recipientes vazios e ao lado todo tipo de sujeira. As pessoas acham que por ter alguém para limpar, eles podem sujar, mas isso, além de ser uma falta de educação e respeito com a gente atrasa o trabalho. Se o lixo fosse jogado dentro das lixeiras o trabalho seria mais rápido e os lugares mais limpos e confortaveis”, diz Valdemir Codar. Se não me pertence, não é problema meu!

O lixo recolhido das ruas tem destino certo.

O lixão de Maceió. Que em maio ganhará a primeira célula do aterro para decomposição correta dos materiais. Já aquele que se perde no trajeto e não consegue chegar até o alcance dos garis, terminam nos bueiros impedindo a passagem da água, no leito dos rios, nas margens da lagoa Mundaú e até mesmo nas praias.
O gari Valdemir Codar explica que as pessoas não se envegonham de abandonar lixo nas ruas, mas se sentem ofendidas quando são repreendidas. “Algumas vezes já até aconselhaei algumas pessoas a jogar o lixo na lixeira. E a atitude é sempre a mesma, elas ficam chateadas. E eu sem jeito como se estivesse fazendo algo errado, ou dizendo absurdo”, completa Codar.
Quem já sentiu a mesma hostilidade gerada pela falta de educação de quem joga lixo no chão foi ambulante Carlos Henrique, que trabalha há dois anos pelo calçadão do centro de Maceió. Ele é um dos comerciantes que improvisa e faz de tudo para manter o local de trabalho limpo.“Além daqueles que não tem educação e acham que podem jogar lixo por todos os lugares, há também outros que vão além e quebram as lixeiras instaladas pela prefeitura. Quando está sem lixeira coloco um saco plático no lugar e digo onde deve ser depositado o lixo.
Nessa, muitos até ficam com raiva e xingam. Mas não ligo e faço o que acho que é correto”, diz Carlos Henrique.Ele enfatiza que além dos garis, há comerciantes e logistas que ajudam na limpeza do centro. Mas infeslizmente a quantidade de pessoas sem educação e conciência ambiental parecer ser bem maior do que aquelas que fazem a coisa certa. “Para muitos é algo como: se este lixo não me pertence, não é problema meu”, completa.

O Custo do vandalismo
O vandalismo também é um grande inimigo da limpeza urbana. De acordo com o diretor de operações da (Slum), Pablo Ângelo, as ações de vandalismo atrasam os trabalhos das equipes de limpeza e geram prejuízos financeiros para a cidade.“A maior parte do lixo recolhido está no chão do centro de Maceió. Para combater isso colocamos várias papeleiras nos postes, mas as ações de vandalismo atrasam o nosso trabalho, pois temos que estar sempre trocando os equipamentos. Sendo que cada papeleira custa R$115, fora a mão de obra”, relata.
No mês de dezembro foram trocadas 60 papeleiras, as populares lixeiras. Mas já neste mês de março, não foi preciso andar muito para ver lixos jogados no chão e lixeiras quebradas já precisando ser trocadas no centro da cidade. Em poucas horas que a reportagem do Alagoas em Tempo Real passou no calçadão, foi comum encontrar lixo espalhado até em pontos em que os garis haviam passado minutos antes. Algo que comprova que além da substituição de lixeiras e reforço de pessoal da limpeza, os maceioenses também precisam mudar de comportamento.

E praia é local de lixo?
Claro que não! Ou melhor, não era pra ser. Como você se sente ao se deparar com saquinhos, papéis, pratinhos e copinhos na areia da praia? Maceió é conhecida por suas belezas naturais, e se destaca pelas praias com areia clara, belo cenário do mar e coqueirais; mas infelizmente esse cenário perde o charme devido à sujeira deixa por banhitas.Isso mesmo!
Boa parte do lixo encontrado nas praias alagoanas foi abandonado porque quem chegou até lá em busca de lazer. Essa é a indignação do empresário Roberto Lopes. Frequentador da praia de Pajuçara ele aponta que o lugar não possui lixeiras suficientes na areia da praia. Mas enfatiza que isso também não é justificativa para abandonar lixo por todos os lugares.“É inadmissivel que praias lindas como está de Maceió sofram com o lixo. Acredito que deveria haver sacolas e uma campanha de conscientização por parte do governo e até mesmo da sociedade para preservar as praias. Até porque imagino a decepção de um turista ao chega aqui e se depara com belas praias, mas com lixo por todos os lugares. Se aqui não tem lixeira, levo comigo o lixo para despejar no local adequado. O que não posso é diante disso deixar sujo o local que encontrei limpo”, desabafa Lopes.

Já o vendedor ambulantes Antonio Carlos, que trabalha há 16 anos com a venda de churrasquinhos e bebidas na praia de Pajuçara, relata que a situação da orla já foi pior, e que hoje muita coisa avançou no que se refere à limpeza pública.“Antes até entulho de construção se encontrava na praia e na orla. Com a modernização isso acabou. Muitas pessoas ainda deixam lixo na areia como se a limpeza do local não dependesse delas. E o pior é que com o sobe desce da maré se o lixo não for recolhido o mar traga e acaba espalhando mais ainda. Como trabalho aqui eu e outros ambulantes fazemos a limpeza do local duas vezes, às 7 e 19 horas, e parece que o lixo mina e que nunca daremos conta”, diz.Entre o lixo recolhido na praia por garis e pequenos comerciantes há desde lixo doméstico, até resto de alimentos e materiais diversos como plástico, isopor, garrafas peti, latas de aço e alumínio entre outros.

Tempo de decomposição do lixo

Aço: Mais de 100 anos,
Alumínio: 200 a 500 anos,
Casca de fruta: 3 meses,
Cerâmica: indeterminado,
Chiclete: 5 anos,
Copo de plástico: 200 a 400 anos,
Corda: 3 a 5 meses,
Corda de nylon: 30 anos,
Couro: 30 anos,
Embalagem Longa Vida: Até 100 anos,
Esponja: indeterminado,
Filtro de cigarro: 5 anos,
Fralda descartável: 600 anos,
Garrafa PET: indefinido,
Isopor: indeterminado,
Jornal: 2 a 6 semanas,
Lata de alumínio: de 100 a 500 anos,
Louça: indeterminado,
Luva de borracha: indeterminado,
Madeira pintada: 13 anos,
Metais: Cerca de 450 anos,
Palito de fósforo: 6 meses,
Papelão: Cerca de 6 meses,
Papel plastificado: de 1 a 5 anos,
Papel: 2 a 4 semanas,
Pilha: 100 a 500 anos,
Plásticos: Até 450 anos,
Pneu: indeterminado,
Saco e sacola plástica: Mais de 100 anos,
Tampa de garrafa: 100 a 500 anos,
Tecido: de 100 a 400 anos,
Vidro: indeterminado.

por Carla Moura, Gilvan Amorim e Waldson Costa - Alagoas em Tempo Real

http://www.alagoasemtemporeal.com.br/?pag=meio_ambiente&cod=1269

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